Thursday, December 24, 2009
Amar mais e melhor
Wednesday, December 16, 2009
Ganhei !
Ganhei o 3º prémio do concurso Arte para a dignidade, modalidade Conto, promovido pela Amnistia Internacional. O dito tem nome e chama-se " Os sonhos pagam-se caro". Será verdade? Pelo menos no conto sim...
Eis a Sinopse:
O que tem Muhammad Yunus a ver com Dalila e Diogo?
Porque é que pessoas bem intencionadas em relação a terceiros se vêem, de repente, confrontadas com forças obscuras que não dominam e têm dificuldade em perceber?
Eis a trama de Os sonhos pagam-se caro, um thriller à escala global que envolve a ordem financeira dominante nos países do primeiro mundo.
Interessante, não? Também acho! O conto está publicado numa brochura da Amnistia Internacional, lançada a 10 de Dezembro, data que assinala a aprovação, pelas Nações Unidas, da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
As restantes modalidades a concurso foram: fotografia, escultura e pintura. Tudo mobilizado em função da Dignidade. Merece, não merece?
A todos os que fizerem um minuto de silêncio em homenagem à minha humilde pessoa, por este feito, os meus agradecimentos antecipados.
Bem hajam!
Saturday, November 28, 2009
Gente de Dublin … e não só
A Igreja Católica tolera melhor a ideia de ter padres pedófilos no seu seio do que padres casados. Porquê? Enquanto o casamento dos sacerdotes não está sequer em discussão, a pedofilia, quer queiremos quer não, sempre tem sido “enfrentada” nos últimos anos por Bento XVI, que a tem condenado abertamente desde o início do seu papado, ao contrário de João Paulo II que fechou sempre os olhos a este gigantesco problema.
Durante décadas e décadas a Igreja sabia da existência de padres pedófilos. Contudo, ergueu um muro de silêncio à sua volta, permitindo que comportamentos abusivos e pouco cristãos fossem reproduzidos.
A conivência da Madre Igreja foi uma verdadeira carta de alforria para os seus perpetradores, encorajados pela incapacidade de reacção dos seus superiores os quais, a única coisa que faziam, era mudar de paróquia os prevaricadores.
Vem isto a propósito da última parte do escândalo de pedofilia vindo a público, neste caso na Irlanda, arquidiocese de Dublin, onde centenas de crianças foram sistematicamente violadas (até colectivamente) e alvo de mimos por mais de cento e cinquenta padres (só os conhecidos na capital irlandesa), como serem chicoteadas nuas, tomarem banho com água a ferver ou quase gelada e serem ameaçadas com cães raivosos, entre as décadas de 40 e 70 do séc. XX. Nas escolas públicas irlandesas, administradas por dezoito ordens católicas diferentes, o clima de terror era o pão-nosso de cada dia, alimentado também por funcionários que se juntavam à festa
Um dos primeiros escândalos no seio da Igreja católica a vir à praça pública, ocorreu há uns anos, em Cardiff (capital do país de Gales). Depois disso sucederam-se Boston, Los Angeles, entre outras. Há paróquias falidas pois o seu dinheiro não tem dado para os acordos com as vítimas, na tentativa desesperada de que os casos nem cheguem à barra dos tribunais.
E em Portugal? Como estamos? Não houve casos semelhantes? Ainda não houve coragem para mexer no assunto? Não há vítimas? Ou a Igreja Católica portuguesa tem padres à prova de pedofilia?
Tuesday, November 24, 2009
Novidade
Friday, November 6, 2009
A face desoculta
Wednesday, October 28, 2009
Saramago: a fama sem proveito
Thursday, October 15, 2009
Portugal profundo
Tuesday, October 6, 2009
Dilemas cívicos
O que fazer? Como agir? Palpites aceitam-se.
Thursday, October 1, 2009
Defesa animal
Monday, September 14, 2009
Rentrée com trauma em banho-maria
Depois das rentrées políticas e escolares agora é a minha vez. Não morri, mas quase … Reapareço às portas do outono depois do conturbado início de verão em que legiões e legiões de pessoas vieram ver a minha perna e as marcas da água-viva. Lembram-se?
Saudações e até breve, companheiros de viagem galáctica …
Tuesday, June 23, 2009
O fim ... de mim ...
Tuesday, June 16, 2009
Greve de sexo
Onde? Na comédia de Aristófanes: Greve de sexo, ou Lisístrata.
O tema da peça, escrita muito antes de Cristo - exibida até 30 /03 no Teatro Municipal do Funchal - continua em voga. Então não é que no último final de ano umas nativas da Bella Italia, mais concretamente de Nápoles, resolveram imitar as gregas mas, em vez de sexo pela paz, trocavam sexo pelo fogo de artifício do réveillon. Não queriam que os maridos, os amantes, os namorados e afins corressem o risco de ficarem estropiados e de as deixarem à nora. Ninguém sabe se a greve resultou porque, uma coisa é certa: é preciso cumplicidade entre o mulheredo para que as coisas resultem, caso contrário, com tanto mulherio a furar a greve a coisa fica comprometida .... e pode ficar feio para as autoras da greve.
No caso do nosso amigo Aristófanes o assunto ficou resolvido porque o mulherio, sob o comando de Lisístrata, resistiu unido, embora com incalculáveis sacrifícios e ameaças de fura-greve. Assim, vimos que o "mulheredo unido jamais será vencido". E os homens puderam, enfim, após muito sacrifício, assinar o armistício, e trocar as armas da guerra pelas armas do amor. "Às armas, às armas", ao encontro das mulheres, marchar , marchar. E foi o que fizeram e ficaram todos a ganhar... E o amor andou no ar. E a guerra findou!
Tuesday, June 9, 2009
Uma certa ideia de Europa...
Monday, June 1, 2009
Implosões
Há capelas para todos os gostos: umas que representam interesses públicos, oficializados por critérios de influência, como sejam, o de agradar, perpetuar certos nomes ou simplesmente o critério da publicação para mostrar trabalho feito; há capelas que englobam órgãos de comunicação social que podem incluir, inclusivé, interesses editoriais pertencentes ao mesmo grupo económico, ou capelas ligadas ao ensino superior , em sentido lato, que privilegiam a forma literária e a sua construção métrica e menos o conteúdo, ou ainda o beija-mão que certos interesses privilegiam para dar a luz verde a algum projecto literário a enviar para publicação, ou ainda uma associação dita de escritores que funciona mal e serve de escudo a protagonistas em bicos de pés.
No meio de tanta capela onde reside o espaço para a crítica literária? Zero! O que é afinal a literatura? No sentido lato tudo o que se publica é literatura, mas é isso que define um texto literário? Ou nada disso interessa desde que se escrevinhe? A Universidade da Madeira demite-se completamente dessa tarefa, a comunicação social, também não exerce a função crítica, a opinião pública sobre o assunto idem aspas ...
Enfim, sem pachorra para alongamentos (só o homónimo exercício físico) da temática saliento que o preconceito é a marca dominante de todas as capelinhas. Este elo comum empobrece as próprias pessoas que o praticam já que, em vez de lutarem contra as suas limitações, fazem gala
da sua vista curta e grossa.
Cada capela é importante demais para conviver com o vizinho e cada umbigo é, por si só, o centro do mundo que se vai bastanto por si só.
Quando é que vão implodir?
Wednesday, May 27, 2009
Pensamento do mês
Tuesday, May 19, 2009
Olho por olho ...
É disto que trata, em parte, Dan Brown, no seu livro Anjos e Demónios, cujo filme homónimo estreou na 5ª passada, em todo o país (coisa rara...).
Saturday, May 9, 2009
Comer, beber e ... orar
Thursday, April 30, 2009
Tuesday, April 21, 2009
Vida e morte
É assim que praticamente começa o filme Gran Torino, de Clint Eastwood, o próprio no papel de Walt Kowalski, o homem que acabara de enviuvar. Walt é um tipo mal-humorado, azedo, que tem sempre na ponta da língua uma crítica mordaz para fazer a todos quantos ousam dirigir-lhe a palavra: os filhos, netos, o padre, etc. Ninguém o suporta e a única excepção fora, ao que parece, a mulher, que acabara de se enterrar.
Tuesday, April 14, 2009
Em nome de Deus, o diabo ...
J. C. pois bem. Muitos de nós, certamente, têm ou tiveram uma relação complicada, difícil mesmo, não só com J. C. mas também, e sobretudo, com a instituição que se apropiou do seu legado: a (s) famosa(s) igreja(s) cristã(s) – no nosso caso também católica, romana, etc.
A dificuldade maior nas coisas de Deus foi, quanto a mim, o facto de em nome de Deus, se ter feito o diabo. E o diabo quando nasceu, foi para todos, como o sol… o bem e o mal e outras coisas que tal… O diabo incluíu toda a panóplia de mimos que são já conhecidos: matar, pilhar, perseguir, violar, acusar, julgar, culpar, atormentar, torturar requintadamente o corpo e a alma, tudo em nome da Cruz(ada) (e) da evangelização. A imposição, à força, de uma fé deixou um lastro de efeitos tão negativos que ainda hoje se faz sentir, mesmo inconsciente e indirectamente.
Assim, podemos dizer em termos gerais que há uma geração de pessoas nascidas entre 1946 e 1964 - conhecidas nos EUA como boomers – que se revoltaram contra a hipocrisia de impôr o terror em nome do amor a Deus de tal modo que, logo que se emanciparam, libertaram as fracas amarras que os prendiam à “sua” religião, alicerçadas mais por medo e por constrangimento social, do que por crença.
Contudo, olhando para J.C. é impossível não simpatizarmos com a sua personagem. As suas diversas facetas tornam-no excepcional. Cada uma das suas imagens vale muito mais do que mil palavras.
Na cruz, J.C. representa a injustiça suprema que pode acontecer a um ser humano. Era um homem bom, com propósitos puros, mas isso não evitou que outros o acusassem e o condenassem à morte. Ninguém está imune ao mal. Para quem acredita na reencarnação, J. C. pode simbolizar a morte injusta pela qual cada ser humano terá “direito” a passar numa das suas vidas.
Já descido da cruz, com Maria ao lado, J. C. simboliza a tragédia da sobrevivência de qualquer mãe que tem o filho morto no regaço. Chorar a morte de um filho é uma das maiores provações pelas quais um humano pode passar.
A morte de J.C. , representada, entre outros, nos quadros a Descida da Cruz, de Gerard David, no séc. XV (arte flamenga presente no Museu de Arte Sacra, do Funchal), ou de Peter Rubens, séc. XVII (barroco flamengo, exposto na Catedral de Antuérpia, na Bélgica), mostra, por sua vez, a solidariedade na dor que os humanos costumam dispensar entre si em situações de infortúnio. É preciso cuidar dos mortos, limpá-los, vesti-los, chorá-los e sentir que nada mais pode ser feito por um determinado corpo, para que a vida possa seguir em frente.
Moral da história: o sentido da Páscoa, mais do que o consumo de doçaria e gastronomia típicos da época, impõe que nos desintoxiquemos de tudo quanto foi feito de mau em nome de Deus. Para quê? Para que também possamos ressuscitar do legado miserabilista que nos foi inculcado e possamos elevar-nos para o céu da esperança e da confiança na vida e em nós próprios. Com dignidade, mesmo que com dor…
Tuesday, March 31, 2009
Fazer amor e não guerra
Monday, March 30, 2009
Monday, March 23, 2009
O que é natural é bom
Gazeta! Os malandros fizeram gazeta! Provavelmente! Ah! Pensei eu. Mas se a fizeram tiveram muito bom gosto, sim senhor. Por mim estão perdoados, abençoados e podem ir em paz. Convenhamos: há lá melhor coisa do que passear à beira-mar, logo de manhã cedo (para mim a qualquer hora serve), num dia cheio de sol, com a musicalidade do mar ali mesmo aos nossos pés? Hã? E ainda por cima com toda a envolvente a espelhar harmonia, bem-estar e felicidade. Hã?
Há uns anos atrás eu, Zina Abreu me confesso, não teria usufruído dessa bonança. Encarava as pessoas que logo de manhã iam ver o mar, ou andavam nos jardins sem criancinhas, ou não estivessem a cair aos bocados, ou não fossem turistas, como pessoas que estavam desocupadas por n razões e que, à falta de melhor, utilizavam os expedientes da natureza para ocuparem o tempo, assim como uma espécie de actividades de tempos livres grátis.
Hoje não penso assim e, por mais coisas que veja no mundo, uma coisa me tem surpreendido sempre: a obra da natureza é incomensuravelmente maior que a obra humana, por mais que esta possa ser grandiosa. E é, sem dúvida. Notável até. Mas…
E então, vai daí ao “despois”, hoje pude muito bem ficar “a ver navios” que não me importei. E até o porto estava cheio, tendo um barco atracado ao largo e outro, muito grande, que chega ao domingo ao meio-dia e parte na segunda-feira às 17 horas para outras paragens, estava fora do sítio do costume. Mas estava lá e mais perto do meu ponto de miragem.
E a Primavera chegou. E … E …. E ….
Friday, March 13, 2009
Contas a zeros...
Nos baixos-relevos egípcios? Zero!
Na estatuária grega ou romana? Zero!
Nas fotografias? Zero!
Nas fontes escritas? Zero!O desnorte masculino e o seu baixo Quoficiente de Inteligência Emocional em matéria de afectos, arrastam atrás de si uma onda de destruição. Até Quando?
Os homens não amavam os seus filhos ???? Sabe-se lá. Se amavam, não demonstravam!
Feliz dia do pai.
Friday, March 6, 2009
Arafat revisitado
Qual é a coisa, qual é ela, que sem ser amarela, pode também sê-lo?
Qual é a coisa, qual é ela, que preto tinha concerteza, e franjinhas de certeza?
O que é? O que é?
Tãtãtãtã!!!
Palpites ???
Monday, March 2, 2009
A feminista e a feminina
Lá vão elas: trá lá lá, tri ti ti, trá lá lá, tri ti ti. Vão formosas. Vão cheirosas. Mas vão seguras? Equilibram-se em saltos altos. Usam maquilhagem. Põem decotes e mini-saias e a cintura à mostra. Embrulham-se em trapos de inúmeros formatos, padrões, texturas e cores. Deixam as unhas compridas (naturais, de porcelana ou gel). Saiem à noite. Fazem directas. Bebem shots. Têm aventuras sexuais. Insuflam-se com silicone e fazem plásticas. São loiras, multicolores e colocam extensões no cabelo. E dizem-se femininas. Feministas é que não. Femininas sim, feministas não. Porquê?
Que representações mentais passam por aquelas cabecinhas tão arranjadinhas, cuidadas com tanto esmero e tempo investido?
Provavelmente ainda povoam nas suas mentes o imaginário dos anos setenta e dos estereotipos então associados e que perduram no tempo por serem desacreditados pelas estruturas de poder: que as feministas são umas raivosas que queimaram os soutiãs na fogueira… (nada comparado aos tempos do inquisidor-mor Torquemada, embora a fogueira seja o elo comum …), que têm aparência descuidada, masculina até (buço e pêlos nas pernas), são histéricas (como se não houvesse homens histéricos), não gostam de homens (é mentira, sim senhor!) e são umas mal-amadas (há alguém que se sinta absolutamente bem-amado?).
Ora bem. Conhecem alguma reivindicação que não seja feita com alguns excessos? Alguém dá algo de livre vontade? Entre pais e filhos como é? Como foram as lutas pelo direito à auto-determinação das então colónias? E a luta dos movimentos abolocionistas da escravatura? E os direitos dos negros na América, simbolizados por Rosa Parks (recusou ceder o seu lugar num autocarro a uma pessoa branca, como era suposto ter feito)? Hã?
Tá bem. Os homens sentiram-se ameaçados e temeram ser descartados. É mais do que um justo receio. Um homem sem mulher? Nã! Não pode ser. Uma mulher tem de ter rédea curta se não sabe-se lá o que pode acontecer… E um homem? É aí que está o busílis da questão. Os homens querem dois pesos e duas medidas: uma para eles e outra para elas. Está certo? Nã!
Ser feminista é querer ter direitos iguais e deveres iguais para homens e mulheres. Não somos todos pessoas? É querer ter a paridade em tudo: na economia, na política, no poder militar, na comunicação social, em casa, etc.
Temos dúvidas de que ainda falta fazer muito? Basta vermos as fotos do corredores do poder: das assembleias, das cimeiras internacionais, etc. etc. Afinal se a igualdade se fizesse por decreto legislativo já este seria o melhor dos mundos. O paraíso, até.
E então? Porque contentar-se com pouco se podemos ter mais? Quem pensa pouco tem pouco, quem pensa em grande tem grande. Cá por mim quero tudo: ser feminina e feminista. E sou. Tudo isso.
Feliz dia da mulher. Vamos estrear algo? Elas: porque sim. Eles: porque não? trá lá lá, tri ti ti, trá lá lá, tri ti ti. Vão formosas e vão seguras!
Monday, February 23, 2009
Pensamento do mês
Wednesday, February 18, 2009
Choques em cadeia
Resultado? Aquilo que parecia ser um sonho, aos dezoito anos, provoca um sucedâneo de choques. Era assim na Inglaterra de 1774, o ano em que começa a acção do filme A Duquesa, protagonizado por Keira Knightley, ela própria a Duquesa de Devonshire, Georgiana Cavendish, ou simplesmente G, em filme de Saul Dibb.
1º choque: o riquíssimo Duque, Ralph Fiennes, assume o código aristocrático do casamento: depois do dever cumprido, à espera de um herdeiro macho (motivo do “esforço” para legitimar um herdeiro), ele autoriza-se a divertir-se com as serviçais, que estão na residência para todo o serviço.
2º choque: chega à residência uma criança com mais ou menos dois anos e o Duque anuncia que ficará a viver com eles considerando que a mãe morreu . G intui que é filha dele. Ele admite.
3º choque: o Duque parece entender-se melhor com os cães, de raça, claro, do que com as pessoas em geral e a esposa em particular.
4º choque: os duques geram duas filhas e a culpada é G, porque está em causa a linha sucessória assegurada por um varão .
5º choque: o Duque de Devonshire torna-se amante da única amiga da sua esposa.
6º choque: blá blá blá blá blá.
7º choque: etc. e tal.
A quantos choques pode uma pessoas resistir?
Ora Georgiana é bela, inteligente, popular e admirada nos meios sociais ingleses. Envolve-se na vida pública, numa altura em que o exercício político do voto era interdito às mulheres, e faz campanha por um partido político. Um jovem político, futuro primeiro-ministro, entra em cena e os sentimentos eclodem.
Sincera, a Duquesa avisa o marido sobre os seus afectos e intenções. Afinal, toda a gente tem amantes e Bess, a amiga-amante é imposta lá em casa... Em resposta o Duque viola G: ela tem de lhe dar primeiro um herdeiro antes de fazer o que quiser com a sua vida. Efectivamente daí resulta um filho varão, o que provoca, circunstancialmente, o afastamento de G do apaixonado, cujo amor ainda não tinha sido consumado.
Contudo, o último acto ainda vem longe e o drama continua. Como acaba?
De acordo com as convenções sociais uma mulher deve sorrir. Sorrir sempre, mesmo que tenha o coração despedaçado e que a vida tenha andado em círculo assegurando assim a reprodução das ditas convenções… E Georgiana ainda conseguiu sorrir… Para que tudo fique bem. Para os outros…
Quantos sorrisos escondem almas partidas?
Wednesday, February 11, 2009
O amor que vem de longe
Há quanto tempo se namora? E se ama?
Desde sempre. Os humanos de Cro-Magnon já viviam como a família Flinstones: o pai Fred amava a mãe Wilma que amava a filha Pedrita e todos se amavam entre si de modo biunívoco. As setinhas iam e vinham numa reciprocidade comovente. A filha cresceu e “casa” com Bambam Rubble, um enjeitado que aparecera à porta do casal Betty e Barney, os melhores amigos de Fred e Wilma, e a vida segue o seu rumo entre o mascote “cangurussauro” e outros familiares e lianas e grutas e pedras e bicharocos ao vivo e a cores.
As provas?
Uma cadeia de hotéis espanhola imortalizou a simpática família paleolítica num hotel isleño e é ver os símbolos do período da pedra lascada à chegada ao hotel, à partida, na piscina e por todo o lado, nas mais variadas situações, dignas de registo para a posteridade.
Mas há outras evidências do amor que vem de longe.
Há registos mais antigos, lá isso há. Existem uns quantos clássicos do amor. Por exemplo: na grutas Grimaldi, em Itália, houve o “achamento” de um casal composto por uma mulher com cerca de trinta anos e por um homem à volta de 20 anos, abraçados, cujos esqueletos têm a módica idade de trinta mil anos. Pelo que se sabe, a diferença de idades entre o casal foi pacífica. Quem diria? Afinal, ambos estavam já no ocaso da vida …
Na Morávia, em Dolni Vestonicé, três corpos jovens foram encontrados: uma mulher rodeada por dois homens, um deles com a mão na cintura dela (ou no sexo). O trio é de vinte e cinco mil anos antes da nossa era …
Nas paredes de Pompeia, ainda há paredes que representam antigos casais romanos com sorriso enigmático, à mona Lisa, muito antes do Da Vinci existir. Amar-se-ão? Porque não? A história da humanidade faz-se na cama e estes “achamentos” provam a importância dada ao facto.
Os humanos de Cro-magnon, ou do paleolítico, como quiserem, “tinham o mesmo cérebro que nós, sonhavam como nós, experimentavam as mesmas emoções, os mesmo sentimentos que nós, e também deviam conhecer o desejo, o ciúme, a comiseração e os caprichos da paixão. É mesmo legítimo pensar que estes amores originais eram mais intensos, mais verdadeiros que os nossos, por se encontrarem livres de todas as contigências, de regras sociais, e da submissão a uma norma”, diz o especialista Jean Courtin[1].
E então, o que mudou nos humanos, após todos estes milhares de anos? A exploração predatória da natureza , a criação das tecnologias, os apagões de memória colectiva em nome da civilização e do bem comum, uma parte da condição feminina no Ocidente e pouco mais no sentido do equipamento humano básico, nu e cru, propriamente dito. Mas enquanto amarmos e fingirmos amar já é alguma coisa. Hã?
E agora façamos de conta que já é 14 de Fevereiro e antecipemos as comemorações, que nunca são demais. Feliz Dia de Todos Os Namorados: casais homo e hetero e bi e trans e para e …! Yabba-dabba-doo …
[1] (Vários) A mais bela história do amor (2006) Porto. Ed. Asa
Tuesday, February 3, 2009
Perdas e ganhos
2º round : ele ganhou.
3º round todos perderam.
Vamos ao primeiro round:
Ela é bela, bonita, loira, jovem, estudante de teatro e tem a cabeça cheia de ilusões em relação à sua pessoa;
ele é jovem, lindo, olhos claros, trabalha como estivador e tem a cabeça cheia de incertezas em relação à sua pessoa.
O Cupido lança o isco e eles caem na armadilha do amor, durante uma troca de olhares num certo dia, num certo bar, entre copos e gente e barulho e representações da alegria em vários graus mais ou menos histriónicos.
Terceiro round:
Ela tenta recuperar a chama do casamento e os sonhos antigos. Paris é a cidade mítica capaz de galvanizar uma nova dinâmica para começar de novo. Ela será a breadwinner para ele descobrir qual a sua vocação, que nem sabe qual é, mas que tem de ser grandiosa. Afinal, tem um emprego que detesta e sempre sonhara não ser como o pai, embora as voltas do destino o tivessem levado à empresa onde trabalhara o pai.
Combinam datas, avisam os amigos e ele no trabalho. Uma vez mais o destino troca as voltas: ela engravida. Ele tem uma promessa de progressão na carreira.
Ela não desiste. Quer ir na mesma e/ou resolver a situação.
Ele não.
E é aí que ela sente que se não pode ir, também não pode ficar.
O drama precipita-se e no fim todos perdem. Menos nós. Que ficámos com um desempenho soberbo de ambos: Kate Winslet ( que ganhou um globo de ouro pelo papel) e Leonardo DiCaprio, em Revolutionay Road.
Para mim o filme narra a história de sonhos desfeitos, ou melhor, a diferença entre aquilo que se passa na nossa cabeça e a realidade do dia-a-dia.
Tuesday, January 27, 2009
Bons ventos e bons casamentos
Em Portugal o debate está morno. Muito morno, enquanto para nuestros hermanitos, os espanhóis, espanholitos, a coisa já há muito saiu do armário, contra ventos e marés.
Do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em Espanha o assunto está resolvido desde meados de 2005 e, de uma cajadada, o primeiro-ministro Zapatero matou vários coelhos: casamento entre homossexuais e as consequentes possibilidades da adopção de crianças, da gestão de heranças, da autorização de intervenções cirúrgicas, da requesição de empréstimos e de tudo o mais, previsto e imprevisto, que diga respeito a duas pessoas que se querem ligar pela via do contrato-casamento, independentemente do sexo de cada uma delas.
A isto eu chamo a vitória do amor. O amor é grandioso, tem muitas gavetas e chega para todos/as, desde que se tenha vontade de amar. Não tem limites, a não ser aqueles que as sociedades conservadoras lhe querem conferir.
Se as pessoas amassem mais, amariam melhor e embirrariam menos umas com as outras. E estariam mais ocupadas. E seriam melhores pessoas. E viveriam mais felizes aqui na terra. E podem amar pessoas do mesmo sexo, de outro sexo, amar os cães, os gatos, a natureza, o sol, a lua … E se ninguém tivesse nada a ver com isso haveria mais paz e sossego. Amor é amor.
O amor só traz vantagens, benefícios, mais-valias: retarda o envelhecimento, dá brilho ao olhar, sentido e qualidade à vida.
Ora Portugal ama de menos e, sobretudo, ama mal, de modo doentio. Precisa de ir ao divã e com urgência.
Em Setembro passado o nosso primeiro-ministro, José Sócrates, afirmou peremptoriamente que o casamento entre homossexuais não estava na agenda do Governo, nem do PS. Mas agora, Janeiro fora, já dá o dito por não dito: o casamento entre pares do mesmo sexo fará parte da agenda política da próxima legislatura.
Enfim, já é alguma coisinha, nem que seja porque o PS quer piscar o olho à esquerda (BE e Verdes), em busca do eleitorado que julga perdido. E de legislatura em legislatura pode ser que ainda apanhemos os espanhóis nesta matéria.
Afinal, de Espanha também podem vir bons ventos (mesmo que fraquinhos) e bons casamentos.
Tuesday, January 20, 2009
Tuesday, January 13, 2009
A natureza é que sabe
Vamos!
De quê?
De comportamentos aberrantes: homossexuais e transexuais.
Ferramentas?
Uma espécie de “ecologia do Homem”, segundo Bento XVI, o Papa.
Do Homem?
Pobre Olympe de Gouges que deve estar a dar voltas na tumba. Afinal, de que serviu ser guilhotinada em 1793, durante os excessos da Revolução francesa?
Olympe de Gouges é autora da Declaração dos Direitos da Mulher e da cidadã (1791) – ver nota infra. Quem já ouviu falar dela que levante o braço! Tem um rebuçado como prenda!
Olympe de Gouges deu-se ao trabalho de escrever tal obra porque não se reviu na Declaração Universal dos Direitos do Homem (1789). Segundo ela, tal declaração dizia respeito aos homens, no sentido literal do termo.
Além disso, se há algum sexo que deve ser aglutinador do outro é o sexo feminino, por razões óbvias, em vários campos determinados pela lei da natureza. Ou não?
Voltemos contudo a Vossa Santidade. O seu antecessor ter-se-ia referido à mulher e ao homem, ou ao homem e à mulher, à semelhança de muitos outros interlocutores (alguns políticos, por exemplo), que põem juntinhos os dois seres quando botam palavra: mulher e homem; homem e mulher. Bonitinho, né? O Papa exaltou a obra do Criador e a escuta da linguagem da Criação, “cujo desprezo significaria uma autodestruição do homem e, portanto, da própria obra de Deus” (Público, 22-12-08). Afinal, diz o piedoso interlocutor, não é só as florestas tropicais que precisam de protecção.
Ora, se do ponto de vista genético-evolutivo os dois sexos são complementares, do ponto de vista da cultura (a grande superioridade humana face aos seus outros semelhantes animais…) já assim não é. Espalhar os genes não é para todos/as e muito menos para provocar descendência. Aliás, a própria Igreja Católica se encarregou de ditar (a dada altura do caminho) que essa não é uma missão nobre do seu clero. Não será isso um crime de lesa-natureza quando, e sobretudo, o clero já deu provas mais do que suficientes de que possui um verdadeiro arsenal de armas “testoterónicas” prontas a explodir sempre que a ocasião dite a acção?
E o que diz o Papa em relação aos animais homossexuais, como certos cães? Põem em causa a obra do Criador? Não há cães suficientes para preservar a espécie? E de certas flores que, sem manipulação genética, assumem coloração distinta levando a que qualquer florista as identifique como defeituosas, sem contudo deixar de as colocar a meio do ramalhete? Etc. Etc.
Não há regra sem excepção. E essa é, precisamente, uma das mensagens da natureza que nos mostra que a diferença existe e que o direito à dignidade da existência deve ser igual em qualquer circunstância.
E se Vossa Santidade começasse por arrumar a casa permitindo que a natureza dos padres também se exprima sexualmente, de acordo com a lei do Criador? A velha Europa ficará eternamente grata. A natalidade irá subir em flecha. As famílias numerosas iriam aumentar e os métodos anticonceptivos, baseados na natureza (da temperatura…) defendidos pela Igreja iriam, finalmente, mostrar quanto valem.
E o futuro europeu estaria mais rejuvenescido, e a raça branca mais preservada da invasão dos bárbaros, e… e….
Amén.
Nota - sugestão de leitura:
Alonso, Isabelle (2001) Todos os homens são iguais ... mesmo as mulheres. Lisboa. Ed Notícias
Monday, January 12, 2009
Pensamento do mês
aquelas que vêem,
aquelas que vêem quando lhes é mostrado,
aquelas que não vêem.
Saturday, January 3, 2009
Pedagogia do coito
Com efeito, um coito pode servir diferentes necessidades: físicas, emocionais (emoções positivas e negativas – explorarei, noutro post este assunto), de contacto com alguém, de desespero, de manutenção de uma ligação, de concepção de um novo ser, de ponto de partida para algo mais, and so on.
É por isso que há vários tipos de sexo: sexo roubado (violações), sexo tolerado (fazer o frete), sexo descartável (aliviar o corpo), sexo instrumental (trabalho), sexo inconsciente (sob o efeito de substâncias várias) sexo hedonista (por prazer), sexo imaturo (para agradar a outra parte) , sexo pressionado (incapacidade de dizer não), sexo por amor (entrega de si próprio), sexo espiritual (dimensão sagrada) e porventura muitas outras modalidades porque o assunto não tem fim e as motivações são múltiplas. Contudo, é nesta última forma que me quero fixar, para já: a do sexo sagrado.
Se os caminhos para Deus são infinitos e se cada ser gnóstico encontrará o seu próprio, então o sexo pode também ser uma das vias para se encontrar com Deus, ou não fosse a sexualidade uma das componentes do equipamento básico da condição humana, e portanto, uma dádiva da criação.
Sigamos Paulo Coelho (um dos autores mais vendidos em todo o mundo, que dispensa apresentações, …), em Onze minutos, na nota final:
“Como acontece a todas as pessoas do mundo – e neste caso não tenho o menor receio de generalizar – foi difícil descobrir o sentido sagrado do sexo. A minha juventude coincidiu com uma época de extrema liberdade nessa área, com descobertas importantes e muitos excessos, seguida de um período conservador, repressivo, preço a ser pago por exageros que realmente deixaram sequelas um pouco duras”.
Ora se para Paulo Coelho lhe foi difícil atingir tal dimensão, imagine-se então para os herdeiros do legado judaico-cristão: sexualidade com culpa (primado do sexo procriativo sobre o sexo “recreativo”), incongruências sexuais (confusão e contradições), homens (sentido literal do termo) divididos entre a razão e o coração, dupla moral (uma moral consentida para os homens e outra intransigente para as mulheres), a castração feminina (mulher eunuco), etc. e já não é pouco. A grande maioria passa ao largo.
Ciente desse facto, Paulo Coelho assume em Onze minutos uma pedagogia do coito. A obra tem como personagem principal uma prostituta, Maria, alguém que à semelhança de todas as prostitutas “tinha nascido virgem e inocente e durante a sua adolescência sonhara encontrar o homem da sua vida (rico, bonito, inteligente), casar (vestida de noiva), ter dois filhos (que seriam famosos quando crescessem) e viver numa linda casa (com vista para o mar). Vista por este prisma, como é injusta a vida! …. Quantas toneladas de desilusões comporta a vida … ?
A tese principal da obra é a de que o acto sexual demora, em média, onze minutos. Maria não deveria estar mais de 45 minutos com um cliente, sendo que o sexo propriamente dito demorava onze minutos. Os restantes seriam passados a despir-se, a conversar um pouco, a fazer algum carinho e a vestir-se novamente. Assim, “O mundo girava em torno de algo que demorava apenas onze minutos” e os seus clientes, homens importantes e arrogantes no seu dia-a-dia, deveriam ser tratados sem constrangimentos e deixados à vontade, já que pagavam 350 francos suíços (a acção decorre na Suíça) “para deixarem de ser eles durante a noite. (…)
E por causa desses onze minutos num dia de 24 horas (considerando que todos faziam amor com as suas mulheres, todos os dias, o que era um verdadeiro absurdo e uma mentira completa) eles casavam, sustentavam a família, aguentavam o choro das crianças, desmanchavam-se em explicações quando chegavam tarde a casa, olhavam dezenas, centenas de outras mulheres com quem gostariam de passear à volta do lago de Genève, compravam roupa cara para eles, roupa mais cara ainda para elas, pagavam prostitutas para compensar o que lhes faltava, sustentavam uma verdadeira indústria de cosméticos, dietas, ginástica, pornografia, poder – e quando se encontravam com outros homens, ao contrário do que se diz, nunca falavam de mulheres.
Alguma coisa estava mal na civilização, e essa coisa não era a desflorestação amazónica, a camada de ozono, a morte dos pandas, o tabaco, os alimentos cancerígenos ou a situação nas penitenciárias como diziam os jornais.
Era exactamente aquilo em que ela trabalhava: o sexo. Mas Maria não estava ali para salvar a humanidade, e sim para aumentar a sua conta bancária…”. (pp.96-97).
Será que Maria se salvou? Aumentou mesmo a sua conta bancária? Que sonhos acalentava? Quem é o misterioso Ralf? E a sua confidente suíça?
Paulo Coelho faz uma reflexão romanceada sobre a actividade sexual, extrapolando o discurso teórico da medicina e da sexologia e centrando-se na prática sexual através de Maria. A obra explora também, com desenvoltura, duas problemáticas eternamente actuais e universais: a do orgasmo no feminino e a do clitóris.
E pronto. Se quiser saber mais só tem de ler 11 minutos, onde não falta, aliás, logo no início, uma passagem do Evangelho de S. Lucas, precisamente a que alude a uma pecadora e à sua defesa por Jesus junto de um Simão preconceituoso.