Saturday, November 28, 2009

Gente de Dublin … e não só

A Igreja Católica tolera melhor a ideia de ter padres pedófilos no seu seio do que padres casados. Porquê? Enquanto o casamento dos sacerdotes não está sequer em discussão, a pedofilia, quer queiremos quer não, sempre tem sido “enfrentada” nos últimos anos por Bento XVI, que a tem condenado abertamente desde o início do seu papado, ao contrário de João Paulo II que fechou sempre os olhos a este gigantesco problema.

Durante décadas e décadas a Igreja sabia da existência de padres pedófilos. Contudo, ergueu um muro de silêncio à sua volta, permitindo que comportamentos abusivos e pouco cristãos fossem reproduzidos.

A conivência da Madre Igreja foi uma verdadeira carta de alforria para os seus perpetradores, encorajados pela incapacidade de reacção dos seus superiores os quais, a única coisa que faziam, era mudar de paróquia os prevaricadores.

Vem isto a propósito da última parte do escândalo de pedofilia vindo a público, neste caso na Irlanda, arquidiocese de Dublin, onde centenas de crianças foram sistematicamente violadas (até colectivamente) e alvo de mimos por mais de cento e cinquenta padres (só os conhecidos na capital irlandesa), como serem chicoteadas nuas, tomarem banho com água a ferver ou quase gelada e serem ameaçadas com cães raivosos, entre as décadas de 40 e 70 do séc. XX. Nas escolas públicas irlandesas, administradas por dezoito ordens católicas diferentes, o clima de terror era o pão-nosso de cada dia, alimentado também por funcionários que se juntavam à festa em conjunto. Embora a maioria das vítimas fossem do sexo masculino, também há vítimas femininas. O folhetim irlandês mais recente conta quarenta e sete padres pedófilos, entre 1975 e 2004 …Há nove anos que a Irlanda começou a compilar estes horrores sistemáticos, de que resultam agora narrativas em cinco volumes. Autoridades sanitárias e policiais foram também cúmplices no silêncio …

Um dos primeiros escândalos no seio da Igreja católica a vir à praça pública, ocorreu há uns anos, em Cardiff (capital do país de Gales). Depois disso sucederam-se Boston, Los Angeles, entre outras. Há paróquias falidas pois o seu dinheiro não tem dado para os acordos com as vítimas, na tentativa desesperada de que os casos nem cheguem à barra dos tribunais.

E em Portugal? Como estamos? Não houve casos semelhantes? Ainda não houve coragem para mexer no assunto? Não há vítimas? Ou a Igreja Católica portuguesa tem padres à prova de pedofilia?

Nota - O nome do post é inspirado na obra literária Gente de Dublin, de James Joyce. Nem de propósito, né?

Tuesday, November 24, 2009

Novidade

A última novidade é que, a partir de agora, também vou estar na revista on line MAGAZON:


magazon.netmadeira.com


Neste momento está já no ar o artigo que fica consagrado para toda a minha eternidade:

2012 soma e segue

É cinema, né? Que mais poderia ser para abrilhantar melhor a minha estreia?

Saudações e até breve. Ah!Ah! Ah! Ah!

Friday, November 6, 2009

A face desoculta


Toda a gente sabe: Armando Vara e várias outras "personalidades" do nosso rectângulo usavam e abusavam dos lugares ocupados para fazerem troca de favores entre si e assim comerem todos do mesmo panelão. Tudo bem para eles. São conhecidos entre si. Todos amigos de gravata e bons carros e unidos ainda mais agora pela jura de que não fizeram nada de mal, pois são castos e inocentes numa tramóia urdida contra as suas almas.

O problema é que à conta disso os interessas colectivos estavam viciados: informação privilegiada circulava entre si pervertendo a essência da democracia, a da transparência das regras e a da igualdade de partida na disputa dos concursos públicos, além da obrigatoriedade no pagamento de impostos para que possa ser possível, em consequência, políticas redistributivas.

O sucateiro Manuel Godinho é como o famoso traficante de droga, Pablo Escobar (falecido nos anos 90), ou como o Presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, cuja comunidade envolvente, ao sentir que beneficia com os indivíduos - têm obra feita e ajudam a comunidade com bens necessários ao povão porque os ditos precisam de lavar dinheiro sujo - aplaude-os, elege-os e esconde-os, se for preciso, porque uma mão lava a outra.

Perante isto é mais do que claro que "algo está podre" e não é no reino da Dinamarca, como diria Shakespeare.