Tuesday, April 21, 2009

Vida e morte

Nas duas casas vizinhas celebrava-se a vida e a morte: o início de um ciclo para um ser humano e o fim para outro. Em ambas as casas há convidados. Ampara-se as pessoas mais directamente envolvidas por tais circunstâncias.

É assim que praticamente começa o filme Gran Torino, de Clint Eastwood, o próprio no papel de Walt Kowalski, o homem que acabara de enviuvar. Walt é um tipo mal-humorado, azedo, que tem sempre na ponta da língua uma crítica mordaz para fazer a todos quantos ousam dirigir-lhe a palavra: os filhos, netos, o padre, etc. Ninguém o suporta e a única excepção fora, ao que parece, a mulher, que acabara de se enterrar.

O problema de Walt é que está mal com a vida porque está atormentado com a morte. Não com a sua própria morte, por ser já um septuagenário, mas com as mortes que carrega pela sua condição de veterano ao serviço dos Estados Unidos na guerra da Coreia. Ainda por cima, os vizinhos que festejam a vida são asiáticos, da etnia Hmong, e Walt projecta neles os seus fantasmas do passado com atitudes racistas, além de os encarar como os causadores dos males da economia americana. A certa altura as duas casas vizinhas cultivam um ódio de estimação.
Contudo, tudo muda quando um gangue Hmong pretende, a todo o custo, integrar o jovem vizinho asiático no seu bando. A iniciação consumar-se-ia com o furto do Gran Torino, o automóvel Ford de 1972, que era a menina dos olhos de Walt.
A partir daí há grandes alterações. O filme mostra que, e apesar das mazelas da vida que todos carregam, é possível derrubar preconceitos, promover a solidariedade e fazer com que a vida e o futuro vençam a morte e o passado.
Clint Eastwood é um mestre. Vejo todo e qualquer filme que tenha a sua assinatura, mesmo que dele não saiba o enredo. E mais não digo para deixar a imaginação de todos quantos pretendem ainda ver o filme.

5 comments:

EDUARDO POISL said...

Canção do dia de sempre

Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...
Mário Quintana

Meus votos de um excelente final de semana, junto
às pessoas que ama.
Um abraço do amigo

Eduardo Poisl

José Leite said...

Excelente crítica cinematográfica. Também aprecio Clint Eastwood que está aí para as curvas apesar da idade...

Tem fôlego para voos mais altos...

Sonia Schmorantz said...

Hoje vim deixar só um abraço de amizade e desejar que tenhas um lindo final de semana!

Rui Caetano said...

É uma boa sugestão.
A vida é efémera, no entanto, se a agarrarmos com todas as nossas forças, não tenho dúvidas de que conseguimos segurá-la por longo tempo. E a efemeridade torna-se longividade...

Eagle84 said...

Muito bom filme! Não estava à espera do humor existente, a lembrar um pouco aquela sitcom que tinha o Archie Bunker.