Monday, June 1, 2009

Implosões

Estamos em época de luto pelas feiras do livro. Domingo último (ontem) finou-se a feira do livro do Funchal. Nesta, um meio tão pequeno, o mercado livreiro revela interesses variados, todos de costas voltadas uns para os outros. Temos assim várias capelinhas, cada uma com meia-dúzia de fiéis seguidores ou, melhor do que isso, cada uma delas vive do momento glorioso do lançamento das obras. Morrem os homens, e as mulheres, e as obras ficam....

Há capelas para todos os gostos: umas que representam interesses públicos, oficializados por critérios de influência, como sejam, o de agradar, perpetuar certos nomes ou simplesmente o critério da publicação para mostrar trabalho feito; há capelas que englobam órgãos de comunicação social que podem incluir, inclusivé, interesses editoriais pertencentes ao mesmo grupo económico, ou capelas ligadas ao ensino superior , em sentido lato, que privilegiam a forma literária e a sua construção métrica e menos o conteúdo, ou ainda o beija-mão que certos interesses privilegiam para dar a luz verde a algum projecto literário a enviar para publicação, ou ainda uma associação dita de escritores que funciona mal e serve de escudo a protagonistas em bicos de pés.

No meio de tanta capela onde reside o espaço para a crítica literária? Zero! O que é afinal a literatura? No sentido lato tudo o que se publica é literatura, mas é isso que define um texto literário? Ou nada disso interessa desde que se escrevinhe? A Universidade da Madeira demite-se completamente dessa tarefa, a comunicação social, também não exerce a função crítica, a opinião pública sobre o assunto idem aspas ...

Enfim, sem pachorra para alongamentos (só o homónimo exercício físico) da temática saliento que o preconceito é a marca dominante de todas as capelinhas. Este elo comum empobrece as próprias pessoas que o praticam já que, em vez de lutarem contra as suas limitações, fazem gala
da sua vista curta e grossa.

Cada capela é importante demais para conviver com o vizinho e cada umbigo é, por si só, o centro do mundo que se vai bastanto por si só.

Quando é que vão implodir?

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