Sunday, November 21, 2010

O Papa do sexo

Pela primeira vez a igreja católica tem um Papa que fala de sexo e não mete a cabeça na areia.

Desde logo ao enfrentar a tragédia da pedofilia no seio da igreja e ao pedir perdão às vítimas dos padres em várias partes do mundo onde se tem deslocado. Sobre o mesmo tema chamou há dois dias (a 19 de Novembro) todos os cardeais ao Vaticano (203 "príncipes da igreja") para debater o assunto. É um momento histórico, sem dúvida, embora tivesse branqueado alguns episódios no passado e aja frontalmente, em boa parte, forçado pelos inúmeros escândalos que assolaram a igreja nos últimos anos.

De qualquer maneira é obra! João Paulo II negaria até ao fim o óbvio! Agora Bento XVI surpreende de novo ao admitir, pela primeira vez, o uso do preservativo como um mal menor em certos casos, adiantando porém que essa não é a solução para o problema da SIDA e a abstinência continue a ser a melhor solução ...

Enfim, temos Papa!

Saturday, November 13, 2010

O direito ao sangue ou a mãe de todas as guerras

"A essência da guerra é de natureza política", afirmou ontem Viriato Soromenho Matos, na III Conferência Internacional do Funchal, subordinada ao tema Merecer o futuro - entre o conflito e a partilha, raízes da guerra, sementes da paz", que contou também com as presenças do general Loureiro dos Santos, Alexander Carius e Korinna Horta.

Soromenho, que tem um largo currículo em temas de filosofia, estudos político-estratégicos e ambientais, seguia o pensamento de Carl von Clausewitz para pensar a cultura da guerra, desde as guerras ideológicas às decisões pelas armas. A sua conferência intitulava-se: "Conflitos pela paz: será possível uma cultura global de cooperação compulsiva?"

Às tantas disse:" A guerra é um fenómeno que desafia a nossa compreensão" e é aqui que quero precisamente reflectir. Para além de todas as razões da guerra, umas mais racionais do que outros, introduzo a explicação de Elisabeth Badinter, filósofa francesa contemporânea.

Segundo Badinter a essência da guerra tem por natureza a guerra dos sexos, ou seja, a guerra e o sangue que nela é derramado está para os homens (sentido literal do termo), assim como o sangue menstrual e do parto está para as mulheres.

Assim, por uma espécie de mimetismo, digamos, os homens criaram o seu próprio sangue: o direito ao seu próprio sangue através da guerra. Trata-se, quanto a mim, de uma visão antroplógica, sociológica e filosófica, que radica no mais fundo das profundezas humanas, desde que o ser humano começou a ter consciência de si próprio e das sua relações com o outro sexo.

É lindo, não é? A partir daí, o sangue foi usado como desculpa pelos homens para afastar as mulheres de ínumeras prestações sociais alegando que estavam impuras, etc. etc.

Enfim, estamos em presença de uma explicação que é, nem mais nem menos, aquela que explica a mãe de todas as guerras...

Obrigada Elisabeth! Obrigado Soromenho por me permitir fazer esta ponte! Obrigado Câmara Municipal do Funchal por possibilitar estes dois dias de reflexão conjunta com convidados de luxo!


Tuesday, November 9, 2010

Mordomias terceiro-mundistas


Portugal é um país de mordomias onde os governantes, quando chegam ao poder, se comportam como novos ricos: ele é carro de alta cilindrada, telemóvel sem limites, despesas de representação, etc. nada que se compare com a Suécia onde, por exemplo, os ministros e os parlamentares vão para o emprego por seus meios e os carros só são usados para o serviço.

O governo não sabe onde cortar? Comece pelas mordomias deste tipo! Mas há mais! Na Suiça, as pensões de reforma têm um tecto máximo de 1 700 euros e ninguém acumula reformas. Ninguém! Como os PPR (Planos de Poupança Reforma) são obrigatórios, quem quiser receber mais na reforma que esteja à vontade e invista mais.

E as empresas públicas cujos administradores recebem mensalmente mais do que o Presidente da República, sem contar com os prémios, dividendos e sabe-se lá que mais.

E as derrapagens económicas das adjudicações? Ninguém presta contas?

E os ordenados milionários dos administradores da Fundação Cidade Guimarães? E--- E ---

O ministro das finanças não sabe onde há-de mais cortar na despesas pública? Haja vontade política. Portugal mais parece um país terceiro-mundista. Como diz Medina Carreira: quanto mais atrasado é um país mais mordomias tem.

E assim estamos! Até quando?