Wednesday, October 28, 2009

Saramago: a fama sem proveito

- Está de folga hoje, D. Violante? - inquiriu a moça do cabeleireiro que não costumo frequentar.
- Deve haver engano. O meu nome não é Violante.
- Peço desculpa. Mas é tão parecida com a filha do Saramago.
Efectivamente, a dita, chama-se Violante Saramago, sua única filha, e circula na mesma cidade do que eu: Funchal. Para que conste, ela é mais velha, mais ou menos 10 anos. Contudo, ambas temos o mesmo estilo, se é que assim podemos chamar, informal, a mesma estatura, corte e cor de cabelo. Espero que as semelhanças fiquem por aí porque as diferenças devem ser muitas.
Nunca falei com a senhora mas na verdade esta não é a primeira vez que me confundem com ela. Por ex, à porta da minha casa duas transeuntes comentavam uma para a outra, quando passei por elas:
- Sabes quem é aquela? É a filha do Saramago. Ela mora ali, ouviu o meu filho do cimo da janela, que até se deu ao trabalho (e ao custo) de me ligar para relatar o sucedido.
Noutra vez uma amiga próxima da Violante, que chegou a um lugar povoado de livros, tocou-me no braço, estando eu de costas e chamou-me Violante. Dando pelo engano desfez-se em desculpas.
Outras três ou quatro pessoas já me disseram que me tinham visto na televisão, ou que eu era deputada, ou me tinham visto não sei onde...
Enfim... Tenho a fama mas não tenho o proveito que ela tem por ser a filha do Saramago. Não me teria importado nada de ter ido a Oslo quando Saramago recebeu o prémio Nobel da Literatura como ela foi. E ainda por cima a cerimónia decorreu no dia dos meus anos.... Teria sido um belo presente!

Thursday, October 15, 2009

Portugal profundo


Quando o desvario obsessivo toma conta de alguém, não há volta a dar. Pode ser a posse da terra ou da água - mata-se por uma tira de terreno e por uns minutos de água; a posse de uma mulher - como se fosse propriedade de alguém; a posse de de um cargo político - a projecção do eu no reconhecimento colectivo, em detrimento do eu pessoal.

Em qualquer dos casos trata-se de personalidades com características primárias, egocêntricas, incapazes de compreender o seu semelhante e que, face às contrariedades da vida, "cegam" na razoabilidade do entendimento sensato e roubam vidas, o bem mais precioso que cada um de nós possui.

Vem isto a propósito do homicida de Ermelo, o candidato socialista à Junta de Freguesia do mesmo nome que em Mondim de Basto, no passado domingo, matou o marido da sua oponente partidária em plena assembleia de voto.

Todos os implicados e aqueles que reportaram o assunto mais não fizeram do que "crónica de uma morte anunciada" e, por isso mesmo, fatídica mais cedo ou mais tarde.

O que dizer mais deste tipo de homicidas? São trogloditas do século XXI e vão continuar por aí, mesmo que nós não queiramos ...

Quanto a nós, resta-nos rezar para que nunca deparemos com tais espécimes nas nossas vidas.

Tuesday, October 6, 2009

Dilemas cívicos

Devemos ou não ter as quotas em dia das associações que porventura integremos? Refiro-me a associações profissionais, desportivas recreativas ou outras.
Quanto a mim, por norma, sou cumpridora dos meus deveres e obrigações. Contudo, ando a matutar neste outono estreante se devo, ou não, pagar certas contas para o próximo ano.

Vejamos:

- integro uma reconhecida associação profissional que o ano passado, por alturas da realização de um congresso que se realiza de quatro em quatro, resolveu fazer um perdão para os associados com as quotas em atraso.

- na qualidade de moradora de uma determinada zona pago ao meu município um valor anual e descubro, recentemente, alertada por outro vizinho, que um terceiro morador com o qual disputamos os lugares mais próximos das nossas casas, não tinha pago 2008 e 2009 até Agosto inclusivé.

O que fazer? Como agir? Palpites aceitam-se.

Relembro a este propósito a intenção, relativamente recente, da EDP (Electricidade de Portugal) pretender que os cumpridores fossem responsabilizados pelas dívidas dos incumpridores. Por pouco, a intenção não se concretizou mas só o facto de a terem colocado representa uma ameaça latente que, mais cedo ou mais tarde, pode ser reanimada por este ou por qualquer outro grande operador de qualquer coisa...

Em que ficamos? Este cenário seria possível nos países do norte da Europa?

Thursday, October 1, 2009

Defesa animal

Um crocodilo reagiu no passado dia 29 ao ataque de urina perpetrado por um americano de 20 anos.

O crocodilo, que é alérgico à urina humana, defendeu-se com unhas e dentes à conspurcação do turista.

Para o crocodilo, esta agressão não foi mais do que um atentado à natureza, já que o incidente ocorreu na margem do lago Nicupé, em Cancún, México.

Como é que um crocodilo, que está no seu habitat natural, pode pactuar com homens (sentido literal do termo) que continuam a manter atitudes típicas dos tempos das cavernas?

Pela minha parte, a indignação do crocodilo está mais do que justificada...