Mais um caso a sair do armário na passada 5ª feira: abusos sexuais de crianças na Alemanha. Quase que já estamos habituados, não? Desta vez o feito aconteceu num prestigiado colégio jesuíta de Berlim, o Colégio Canisius, durante as décadas de 70 e 80, e levou o actual reitor a pedir desculpas, por carta, a pelo menos seiscentas! vítimas.
Estaremos perante uma peste católica que ataca colégios, seminários e outros meios onde circulam os padres, nomeadamente as casas das paroquianas que visitam? A peste é a pilinha dos sacerdotes que não olha a meios para fazer um download do seu sémen nos (as) jovens que estão sob a sua tutela. Contudo, e sem defender de modo algum este tipo de proezas sexuais que merece, inequivocamente a condenação e expiação pela justiça cível, como se pode exigir a um ser humano a privação do contacto sexual?
Uma coisa é haver pessoas que praticam voluntariamente a abstinência sexual, outra é a imposição pela hierarquia da igreja de tal prática. Já se sabe que, pelo menos oficialmente, a igreja critica a homossexualidade como comportamento contra-natura. Mas não é também contra-natura a imposição de toda e qualquer privação sexual? Não derivam daí perversões sexuais? Por que razão não podem os sacerdotes católicos casar, à semelhança do que sucede em outros credos religiosos? Por que razão a igreja sempe lidou tão mal com o corpo humano, ao ponto de negar a sua essência, divina até, uma vez que o sexo faz parte do maravilhoso disco rígido humano?
Considero, através de observação empírica, que nos mesmos anos 70 e 80 enquanto boa parte do clero se dedicava à sodomia, estupro e outros mimos por esse mundo fora onde chegou a diáspora católica (veja-se um dos meus últimos posts, intitulado Gente de Dublin ... e não só) houve uma boa leva de padres que se distanciou e abandonou os votos sacerdotais para ... ter sexo fora da sacristia .... e casar! Poderiam ter feito como muitos dos seus pares faziam: tomar uma paroquiana a seu cargo para todo o serviço, contando para isso com a hipocrisia dos seus superiores, que aconselhavam apenas discrição! Não o fizerem! Perdeu a igreja e ganhou a sociedade civil.
Voltando ao princípio, o Colégio Canisius, de onde saíu boa parte das elites económica e política alemãs, tem no mínimo um reitor com a maturidade e dignidade suficientes para ter pedido desculpa às vítimas e reconhecer-lhes o direito a procurar a justiça e a denunciar publicamente o caso, embora nenhuma queixa de tais abusos tenha sido realizada até ao presente. Neste caso, foi a própria direcção da escola a solicitar as investigações após a denúncia de um ex-aluno interno e de outros ex-estudantes.
De facto, só a busca da Verdade, tem o poder libertador para que todos possam seguir em frente com a condição de "gente feliz com lágrimas".