Tuesday, June 9, 2009

Uma certa ideia de Europa...

Estamos em período de digestão das eleições europeias. Para uns os resultados foram um choque, para outros uma vitória. Contudo, não é disso que me ocuparei no decurso desta prosa.

Falo de uma certa ideia de Europa que, desde o alargamento a 25 (em 2004) ganhou forma: a questão da Constituição Europeia, um assunto que está ainda em banho-maria. Nesta, defendiam uns a ideia que as raízes judaico-cristãs da Europa deveriam constar do preâmbulo da Constituição, enquanto outros subscreviam a ausência a qualquer referência.
Ganhou este último aspecto e é também esta a minha versão. A principal razão justifico-a pela tragédia que representou o cristianismo para a Europa: a intolerância, o fundamentalismo religioso e uso de Satanás como armas para instigar ao ódio e ao medo.

Sobre este assunto sigamos o mestre Edgar Morin, intelectual de oitenta e tais anos que ainda há poucas semanas esteve em Portugal.
Para Morin o cristianismo destruíu outros deuses e outras religiões, dando cabo do tolerância religiosa que caractecrizava o Império romano além de , "a partir do momento em que foi reconhecido como a única religião de Estado, [ter provocado] o encerramento da escola de Atenas e [pôr] assim fim a qualquer filosofia autónoma" Morin, 2007, p.16).
Morin vai mais longe e diz que "o cristianismo triunfante" em vez de integrar as diferentes correntes de pensamento que existiam no seu seio impôs "uma ortodoxia impiedosa, denunciando os desvios como heresias, perseguindo-os e destruindo-os com ódio, mesmo em nome da religião do amor" (ibid).
O autor diz também: "Uma das armas da barbárie cristã foi a utilização de Satanás. Sob esta figura, é necessário ver o separatista, o rebelde, o negador, o inimigo mortal dos deuses e dos humanos. Aquele que não está de acordo e não quer renunciar à sua diferença está forçosamente possuído por Satanás. Foi com esta delirante máquina argumentativa, entre outras, que o cristianismo exerceu a sua barbárie. É óbvio que este não teve a exclusividade da arma satânica. Constatamos, no dias de hoje, que Satanás volta mais do que nunca ao virulento discurso islamita" (Ibib).
Admiramo-nos?
Que europeus seríamos hoje se não tivéssemos passado pelo crivo opressivo do cristianismo?
Poderámos ser piores do que somos?
Ou já batemos no fundo com o cristianismo e a sua longa e obscura e requintada idade média?
Tantas guerras se travaram em nome da religião (guerras santas - que paradoxo!) e tanto se lutou para a constituição do estado laico (revolução francesa) que fará sentido apegarmo-nos às ditas raízes judaico-cristãs como se fossem motivo de orgulho para uma ideia de Europa expansionista e que se quer tolerante e voltada para o futuro?
Hã? Hã? Hã?
Nota - Morin, Edgar (2007) Cultura e barbárie europeias. Lisboa, Instituto Piaget.


3 comments:

Sonia Schmorantz said...

Amigos são poemas…
Os verdadeiros amigos são a poesia da vida.
Eles enchem nossos dias de cores, rimas e risos,
nos seguram a mão quando caminhar parece difícil.
Mostram que mesmo em dias nublados o sol está no mesmo lugar,
e nos ensinam que a chuva pode ser uma canção de ninar
nas noites solitárias e vazias.

Um abraço em mais este final de semana, que tudo lhe
Seja bom...

José Leite said...

Meditação digna de aprofundamento muito sério...

EDUARDO POISL said...

Amiga você trocou as ilhas rssssssssssssssss, o blogger ta Sônia é um vento na ilha http://schsonia.blogspot.com/, o meu é uma ilha para amar.
Agradeço pelo comentário.
Abraços Eduardo Poisl