Sunday, January 31, 2010

A peste ... católica

Mais um caso a sair do armário na passada 5ª feira: abusos sexuais de crianças na Alemanha. Quase que já estamos habituados, não? Desta vez o feito aconteceu num prestigiado colégio jesuíta de Berlim, o Colégio Canisius, durante as décadas de 70 e 80, e levou o actual reitor a pedir desculpas, por carta, a pelo menos seiscentas! vítimas.

Estaremos perante uma peste católica que ataca colégios, seminários e outros meios onde circulam os padres, nomeadamente as casas das paroquianas que visitam? A peste é a pilinha dos sacerdotes que não olha a meios para fazer um download do seu sémen nos (as) jovens que estão sob a sua tutela. Contudo, e sem defender de modo algum este tipo de proezas sexuais que merece, inequivocamente a condenação e expiação pela justiça cível, como se pode exigir a um ser humano a privação do contacto sexual?

Uma coisa é haver pessoas que praticam voluntariamente a abstinência sexual, outra é a imposição pela hierarquia da igreja de tal prática. Já se sabe que, pelo menos oficialmente, a igreja critica a homossexualidade como comportamento contra-natura. Mas não é também contra-natura a imposição de toda e qualquer privação sexual? Não derivam daí perversões sexuais? Por que razão não podem os sacerdotes católicos casar, à semelhança do que sucede em outros credos religiosos? Por que razão a igreja sempe lidou tão mal com o corpo humano, ao ponto de negar a sua essência, divina até, uma vez que o sexo faz parte do maravilhoso disco rígido humano?

Considero, através de observação empírica, que nos mesmos anos 70 e 80 enquanto boa parte do clero se dedicava à sodomia, estupro e outros mimos por esse mundo fora onde chegou a diáspora católica (veja-se um dos meus últimos posts, intitulado Gente de Dublin ... e não só) houve uma boa leva de padres que se distanciou e abandonou os votos sacerdotais para ... ter sexo fora da sacristia .... e casar! Poderiam ter feito como muitos dos seus pares faziam: tomar uma paroquiana a seu cargo para todo o serviço, contando para isso com a hipocrisia dos seus superiores, que aconselhavam apenas discrição! Não o fizerem! Perdeu a igreja e ganhou a sociedade civil.

Voltando ao princípio, o Colégio Canisius, de onde saíu boa parte das elites económica e política alemãs, tem no mínimo um reitor com a maturidade e dignidade suficientes para ter pedido desculpa às vítimas e reconhecer-lhes o direito a procurar a justiça e a denunciar publicamente o caso, embora nenhuma queixa de tais abusos tenha sido realizada até ao presente. Neste caso, foi a própria direcção da escola a solicitar as investigações após a denúncia de um ex-aluno interno e de outros ex-estudantes.

De facto, só a busca da Verdade, tem o poder libertador para que todos possam seguir em frente com a condição de "gente feliz com lágrimas".



3 comments:

Sonia Schmorantz said...

Hoje vim convidar você a conhecer o Ilha da Magia, blogger onde arrisco alguns ensaios poéticos
http://schmorantz.wordpress.com/
o link está no leia mais no meu tradicional espaço.
beijos

Luís Bonito said...

Gostei do seu artigo.
Os media anunciam hoje que já foram identificados pelo menos 94 padres que praticaram crimes de pedofilia.
Mas, conhecendo o povo alemão, sinto que este assunto não será varrido para debaixo do tapete...

Heresias said...

Ainda bem que gostou, caro Luís Bonito.
Se o povo alemão não varre os assuntos para debaixo do tapete é sinal que atingiu uma maturidade digna de registo. Só assim se pode ser uma grande nação!
Saudações