Há quanto tempo se namora? E se ama?
Desde sempre. Os humanos de Cro-Magnon já viviam como a família Flinstones: o pai Fred amava a mãe Wilma que amava a filha Pedrita e todos se amavam entre si de modo biunívoco. As setinhas iam e vinham numa reciprocidade comovente. A filha cresceu e “casa” com Bambam Rubble, um enjeitado que aparecera à porta do casal Betty e Barney, os melhores amigos de Fred e Wilma, e a vida segue o seu rumo entre o mascote “cangurussauro” e outros familiares e lianas e grutas e pedras e bicharocos ao vivo e a cores.
As provas?
Uma cadeia de hotéis espanhola imortalizou a simpática família paleolítica num hotel isleño e é ver os símbolos do período da pedra lascada à chegada ao hotel, à partida, na piscina e por todo o lado, nas mais variadas situações, dignas de registo para a posteridade.
Mas há outras evidências do amor que vem de longe.
Há registos mais antigos, lá isso há. Existem uns quantos clássicos do amor. Por exemplo: na grutas Grimaldi, em Itália, houve o “achamento” de um casal composto por uma mulher com cerca de trinta anos e por um homem à volta de 20 anos, abraçados, cujos esqueletos têm a módica idade de trinta mil anos. Pelo que se sabe, a diferença de idades entre o casal foi pacífica. Quem diria? Afinal, ambos estavam já no ocaso da vida …
Na Morávia, em Dolni Vestonicé, três corpos jovens foram encontrados: uma mulher rodeada por dois homens, um deles com a mão na cintura dela (ou no sexo). O trio é de vinte e cinco mil anos antes da nossa era …
Nas paredes de Pompeia, ainda há paredes que representam antigos casais romanos com sorriso enigmático, à mona Lisa, muito antes do Da Vinci existir. Amar-se-ão? Porque não? A história da humanidade faz-se na cama e estes “achamentos” provam a importância dada ao facto.
Os humanos de Cro-magnon, ou do paleolítico, como quiserem, “tinham o mesmo cérebro que nós, sonhavam como nós, experimentavam as mesmas emoções, os mesmo sentimentos que nós, e também deviam conhecer o desejo, o ciúme, a comiseração e os caprichos da paixão. É mesmo legítimo pensar que estes amores originais eram mais intensos, mais verdadeiros que os nossos, por se encontrarem livres de todas as contigências, de regras sociais, e da submissão a uma norma”, diz o especialista Jean Courtin
[1].
E então, o que mudou nos humanos, após todos estes milhares de anos? A exploração predatória da natureza , a criação das tecnologias, os apagões de memória colectiva em nome da civilização e do bem comum, uma parte da condição feminina no Ocidente e pouco mais no sentido do equipamento humano básico, nu e cru, propriamente dito. Mas enquanto amarmos e fingirmos amar já é alguma coisa. Hã?
E agora façamos de conta que já é
14 de Fevereiro e antecipemos as comemorações, que nunca são demais.
Feliz Dia de Todos Os Namorados: casais homo e hetero e bi e trans e para e …! Yabba-dabba-doo …
[1] (Vários) A mais bela história do amor (2006) Porto. Ed. Asa