Tuesday, December 30, 2008

Mensagem do mês e Novo Ano

Olá

Às vezes, é preciso que algo morra, para que tudo fique igual.

Certo? Certinho?

Feliz Ano 2009.

Wednesday, December 24, 2008

Imaginação

A todos, um Bom Natal...
A todos, um Bom Natal...

Que seja um Bom Natal
Para todos Nós!

Conseguem imaginar a música?

Mais palavras para quê?

Friday, December 19, 2008

Eu Hei-de Amá-lia sempre (3)

Quando Amália começa a frequentar a vida nocturna, nos anos 40, dá-se conta da existência de muitos estrangeiros, que eram refugiados de guerra. Boîtes como o Negresco, o Galo, o Caio e o Mina abriam a partir do almoço até de madrugada. Estavam sempre cheias e a clientela, sobretudo estrangeira, conhecia-se toda entre si. Portugueses assíduos eram mais a excepção do que a regra, como era o caso da família Mascarenhas, que fazia parte da alta sociedade e dos detentores de dinheiro.

O uso de calças e de biquini, o acto de fumar em público e a moda das esplanadas, que começaram a surgir na altura, foram parte das liberdades introduzidas e vividas pelas mulheres, refugiadas dos cenários de guerra, que em muito afrontaram os hábitos conservadores do Portugal ruralizado de então. Tais usos e costumes eram verdadeiros atentados à vergonha, à moral da época e às mentes mais pudicas e hipócritas.

Foi nesse contexto que Amália viveu, usando muitas vezes meias de vidro que eram verdadeiras preciosidades do Portugal de então, obtidas no mercado negro.

“Meias de vidro: lembro-me tão bem. Aliás uma coisa extraordinária era conseguir umas meias de vidro. Era assim quase como ter saído a sorte grande, ter umas meias de vidro” – Amália dixit.

E hoje? Quem se lembraria de pensar na sorte através de umas meias?

Como se reviria Amália no seu próprio filme? E nos espectáculos?

Para Amália “ir ao cinema era uma festa. As pessoas não iam ao cinema como se vai hoje. A pessoa arranjava-se para ir ao cinema. Eu nunca fui ao cabeleireiro para ir ao cinema, mas nos intervalos eu escondia-me nas toillettes das senhoras que era para não se ver que eu não tinha o cabelo arranjado. Mas deixar de ir ao cinema por não ter o cabelo arranjado, nem nada, isso não fazia. Eu queria era ver a fita, não queria fazer outra coisa. Mas realmente era uma festa.

A primeira vez que eu fui à ópera eu fui para as torrinhas porque, ainda hoje tenho muitos complexos, que não sei se são de inferioridade ou de orgulho, porque eu não queria que as pessoas dissessem que eu ia à ópera para fingir: a fadista na ópera! Para que as pessoas não dissessem fui para as torrinhas, que era onde ninguém me via e, pela primeira vez, vi o que era um espectáculo de ópera, que era um espectáculo deslumbrante. As pessoas cantavam maravilhosamente. Fiquei deslumbrada com aquilo. E era também o espectáculo do público, os camarotes e as frisas e toda a gente linda, com jóias, bem vestidas, que aquilo era um espectáculo.

E eu, como nunca na minha vida … da … da … injustiça, da … eu ficava tão contente de ver aquilo. Porque eu sempre fiz parte dos pobres. Para mim havia pobres e ricos como havia altos e baixos, como há verdes e encarnados, azuis e e brancos e não sei quê. Para mim havia ricos e pobres e estava tudo arrumado, catalogado na gaveta. Ser rico ou pobre e a minha condição era ser pobre … e eu divertia-me a ver os ricos.

E hoje a gente vai, por exemplo, ao cinema e o cinema perdeu, quanto a mim, a importância que tinha.

Eu lembro-me quando eu não tinha sapatos e sonhava com sapatos. Quando eu comprava sapatos e ia para a cama, só pensava nos sapatos novos. Onde é que eu ia com os sapatos novos? Hoje tenho sapatos novos e é uma desgraça. Não dou por eles”.

No filme Amália aparece sempre com sapatos!...

E depois? Nada! Este é apenas pequeno subsídio ao conhecimento de Amália! O filme… toda a gente viu, ou não?

É por isso que eu hei-de Amá-lia sempre! Se até há quem há-de amar uma pedra…

Tuesday, December 16, 2008

Eu hei-de Amá-lia sempre... (2)

Amália trauteou para mim. Em exclusivo. A prova encontrar-se-á algures, numa cassete "perdida" na minha casa e que os arqueólogos do futuro certamente encontrarão quando saltearem alguma arca perdida nos escombros da "minha alegre casinha".
A diva cantou para mim e para o meu colega e amigo que me acompanhava na altura: Alberto Matias.
Why?
Amália era simples, como o sabem as grandes personagens que reconhecem que a simplicidade dá muito trabalho... Ela gostava de estar sempre acompanhada, conforme confessou. Caso contrário, sentir-se-ia como um cãozinho solitário a correr à volta de uma árvore atrás do seu rabinho. A metáfora é dela.
Que faziam os dois entes na casa de Amália? Ansiavam por "material". Material para a disciplina de História Contemporânea de Portugal. E é aí que entra o César. "A César o que é de César", mesmo que de Oliveira se tratasse ... César de Oliveira era o docente da cadeira de 4º ano da licenciatura de Sociologia do ISCTE e Amália fazia parte de um conjunto de depoimentos que nos prestáramos a recolher para o tema "O impacto dos refugiados e o quotidiano de Lisboa no Portugal neutral".
Os outros depoimentos eram: de Josefina Silva – a actriz, de Ruth Arons (uma refugiada de guerra, alemã, mãe do ex-deputado à Assembleia da República Arons de Carvalho) e de Vítor Pavão dos Santos (autor da obra Amália. Uma biografia – 1987 e um dos mentores do Museu do traje e da moda, em Lisboa) e a sua recolha também foi dividida por outros dois membros do grupo: a Rubina Leal e a Leonor Vala.
Portugal o centro do mundo?
Entre outros aspectos queríamos saber quais as alterações sofridas no Portugal neutral: o quotidiano lisboeta foi sujeito a impactos vários, convergindo em Lisboa o velho e o novo, proporcionado pelos refugiados de guerra e pela escala obrigatória das viagens, que traziam vedetas que em muito contribuíram para um Portugal boémio. E tudo isto no tempo da velha senhora. É incrível, não é?


E então? Estão a gostar do filme?
A protagonista de Amália tem semelhanças incríveis com a dita. Verdade ou mentira?

(to be continued)

Monday, December 15, 2008

A barata diz que tem...

Última hora

A Livraria Barata, na célebérrima Avenida de Roma, at Lisbon, realiza amanhã, 16 de Dezembro do ano da graça de 2008, às 19h, o lançamento do livro Sarapicos de Natal, uma antologia que apresenta um conto da minha autoria: "Sininho e a menina Mi".
Que tal uma espreitadinha?
É caso para dizer, como na cançao infantil, lembram-se?
A barata diz que tem... Sarapicos de Natal...

em vez de:

"A Barata diz que tem sete saias de filó
É mentira da barata, ela tem é uma só
Ah ra ra, iá ro ró, ela tem é uma só !
A Barata diz que tem um sapato de veludo
É mentira da barata, o pé dela é peludo
Ah ra ra, Iu ru ru, o pé dela é peludo ! "

etc. etc.

Então?

Vão lá? Vá lá. É só desta vez! É é Natal! E estará a nevar! Os floquinhos no ar! E a chuva a cair! E vai ser lindo! Lindo de morrer. E.... E.... E....
Se soubessem como foi lá no Porto, no passado sábado, é que iam mesmo!
Ver para crer!

Até amanhã !!!!!!!

Tuesday, December 9, 2008

Eu hei-de Amá-lia sempre (1)

A 12/04/1988 estive em casa de Amália. Às 18 h. Creio. Para quê?
O que é que Amália tinha a ver com César Oliveira. Lembram-se? O inimitável docente que fumava Gitanes nas aulas e depois se tornou presidente da Câmara de Oliveira do Hospital com as cores socialistas?
Para além do facto de ambos estarem mortos, fisicamente, o que é que os uniu? Qual o elo de ligação?

Oportunamente: novo post.
E tudo isto a propósito do filme: Amália...

Thursday, December 4, 2008

Oliver Pedra e W. cal

Estão de pedra e cal: Stone e Bush na história da América, do mundo e agora do cinema.
Em W. a lógica compreensiva da personagem dá o mote ao filme.
W. é a história do patinho feio que incomoda a família pelos seus comportamentos politicamente incorrectos - bebe muito, não aguenta num trabalho, é detido num estabelecimento prisional, assume um noivado precipitado, enfim, é alguém a quem o futuro não parece augurar nada de bom. Pelo menos é esse o vaticínio paterno, sempre "a tirar" pelo outro filho: "Jeb", também ele um político no activo (actual governador da Florida), que cumpre sempre com as expectativas do pappy (ao que parece).
Porque é que os pappies apostam tantas vezes no(s) filho(s) errado(s)? Eis algo que vos deixo para meditar.
De resto, Bush é um produto típico da América, que sonha ainda em ser o grande império mundial, agora e para todo o sempre. Nada pela qual a fúria colonizadora do Ocidente não tivesse já passado no fim do século XIX e início do século XX. Mas os tempos eram outros, não eram? De reacções mais lentas, de lógicas mais hierárquicas, de princípios mais conservadores, até na justificação das ambições. E foi o que se viu, posteriormente ...
W. revela também uma América que tem o presidente que merece, do tipo cowboy que dispara primeiro e pergunta depois. Não foi isso o que ele fez no Iraque? Primeiro invadiu-o e depois foi à procura das célebres ADM (Armas de Destruição Maciça). Bush vai acabar o mandato sem as ditas aparecerem.
Mas lá que as ADM foram um bom pretexto, lá isso foram: para Bush se revelar aos olhinhos do pappy, do Bin Laden e do mundo, que tem de saber, uma vez mais, que a ambição americana não tem limites, nem olha a meios para atingir os fins. Pelo menos com W. e com a sua entourage.